De onde veio essa receita?



De onde veio essa "receita de bolo"? Por que uma "receita de bolo"?

Porque o que quero mostrar é muito urgente, são muitas coisas e destinadas às pessoas que não têm tempo: todas.

Minha vida de trabalhador é recente. Foi há 5 anos, em 2006, que prestei ao meu tio - Carlos Aurélio Donida, citado no texto - meu primeiro serviço remunerado a convite dele mesmo. A "receita de bolo" é simplesmente o resultado das constatações de tudo o que eu gostei e não gostei nas atividades que se seguiram.

Essas constatações foram aparecendo aos poucos mas, até agora, eu nunca tinha chegado a entender como estruturá-las e transmitir uma mensagem. Eu apenas via que diversas coisas deveriam ser diferentes.

Mas é sempre melhor não ter certeza das coisas do que ter. Começar pela certeza pode nos levar ao engano. Já a dúvida é a que nos levará para a descoberta. Então, me permiti deixar o tempo passar, ter mais experiências, encontrar com mais pessoas. Partilhar. Todas elas - experiências e pessoas - foram o fermento desse bolo.

Até que, há dois meses, depois de muita luta, barreiras vencidas (mais fermento) e consequentes aprendizados, me vi inserido em tempo integral num ambiente empresarial de pesquisa, o que sempre procurei. Ali, eu vi essas idéias fecharem, se organizarem e criarem um sentido tão evidente quanto eu jamais tinha tido.

Por quê? Porque eu estou no exterior, num país onde tudo funciona como eu gostaria de ver? Diferente do Brasil? Não!

Embora este intercâmbio na França, desde agosto de 2010, tenha me ensinado alguns pontos da receita que antes eu não teria condições de perceber, não estou querendo "re-aculturar" o brasileiro de acordo com o estilo francês. De forma alguma. Assim como o Brasil, os Estados Unidos ou a Moldávia, a França também não é nenhum modelo.

Confesso que achei que as coisas funcionariam melhor aqui. Afinal, é a "Europa"! Mas não é bem assim. Longe disso. Em aspectos gerais, entre Brasil e França, nenhum é melhor ou pior. São apenas diferentes. (Não vamos falar de futebol, ok? ;-)

Diferentes. E, se há uma diferença notável entre esses dois países, ela está no fato de que o francês nunca está satisfeito, enquanto que o brasileiro está acostumado demais com os problemas. Aqui na França, as pessoas reclamam e agem, ao invés de ficarem assistindo novela e futebol depois do Jornal Nacional. A receita de otimização do potencial criativo brasileiro foi um resultado da convergência de informações - e da divergência de experiências. Experiências opostas nos ajudam a fazer escolhas de uma maneira excepcional.

Alguns poderiam se perguntar porque isto aqui não faz parte do texto principal. A resposta é porque nada do que descrevo aqui é concreto, mas subjetivo, baseado exclusivamente na minha própria experiência. Normalmente, somente aqueles que vivenciaram o mesmo são capazes de entender e, então, acreditar. Já os pontos listados no texto, de maneira diferente, representam a consequência concreta diretamente aplicável em planos de ação ou mudança organizacional. Ali, a credibilidade num determinado ponto dependerá única e exclusivamente da experiência do leitor, e não do autor. A explicação da origem de cada item, por sua vez, é razão para combinarmos um café num fim de tarde.

Os brasileiros estão com fome de desenvolvimento, cansados de encontrar apenas textos filosóficos e não ver nada de concreto. Eles querem fazer e comer logo o bolo. E quanto mais gente lhes fizer companhia, melhor.

Então, eu lhes dou essa receita, a qual pode absorver variações de diversas origens. Afinal, não sou nenhum chef, e cada um de nós é ruim na pretenção de ser o melhor1.


Marco Leonardelli Lovatto
21/10/2011

(Atualizado em 31/10/2011)

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1 "Cada um de nós é ruim na pretenção de ser o melhor" (Pe. Marc Lembret).


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